terça-feira, 18 de agosto de 2009

A SENSAÇÃO DE FELICIDADE ETERNA




"Nasci alviverde. Eu, meus irmãos, meu pai, minha mãe e a nossa empregada (que, primeiramente torcia para o arquirrival alvinegro, mas "virou a casaca") tínhamos uma bandeira enorme de nosso time do coração, que colocávamos na garagem da casa quando o time disputava as decisões. Foi um presente de nossa mãe: a bandeira era grande e tinha o símbolo do time, com os dizeres "Meu Primeiro Amor". A frase ilustrava bem a nossa paixão pelo Palmeiras. Mas torcer requer muita paciência. Passei por anos difíceis. Derrotas para Internacional de Limeira em 1986 (chutei muito a porta do quarto e pedi para faltar na aula no dia seguinte, medo de ser zuado pelos amiguinhos); derrota por 3 x 0 para o Bragantino em 89 ( um sábado a tarde, depois deste dia nunca mais assiti jogo com a camisa do meu time), e eliminação após sofrer apenas uma derrota em todo o Paulistão; empate em 0 x 0 com a Ferroviária, com o "grosso" Aguirregaray chutando uma bola na trave aos 41 do segundo tempo, eliminando o Verdão dirigido na época por Telê Santana. Esta eliminação fez eu quebrar um rádio na parede e, parcialmente, desistir de acompanhar futebol. Mas durou pouco, na primeira vitória depois, ouvi, vi e li todos os programas possíveis. A empregada, que trabalha há mais de 30 anos com meus pais fez até um comentário na ocasião: "ele voltou ao normal".


Lembro-me de meu pai desembarcar de uma de suas viagens à São Paulo trazendo na bagagem uma camisa diferente do alviverde. Era listrada, camisa 8, em 1992, usada pelo meia Luis Henrique, que havia sido contratado do Bahia a peso de ouro, mas que naufragaria em sua missão de ser o destaque do time. Foi a primeira camisa da "Era Parmalat" que se viu na pequena cidade. Eu desfila com ela para cima e para baixo, com todos mostrando certa "inveja". Foi neste ano que "descobri", a Jovem Pan e o locutor José Silvério. Eu e meu irmão do meio sintonizamos a rádio em um domingo a tarde, quando o Palmeiras venceu um jogo, após 42 dias sem vitória, com do meia Jeancarlos, que tinha vindo do Paraná Clube. Além do gol, a "força" da narração me fez descobrir algo novo. Um locutor "diferente" dos outros. Pena que era muito, mas muito difícil sintonizar a Pan na região...


O ano 1992 foi o ano da derrota para o São Paulo na final do Paulista, mas sem muitos traumas. Mas o ano seguinte foi o da quebra do jejum.... 1993 foi o ano inesquecível. O primeiro jogo, diante do Marília, estréia de Roberto Carlos, Antonio Carlos, Edmundo, Edílson, entre outros, vitória apertada por 2 x 1. A derrota no primeiro jogo da decisão, fez o sinal de alerta ser ligado. Não podíamos perder o título. Foi o jogo da redenção. Na decisão contra o eterno rival, em casa, havia cerca de 20 pessoas. Minha mãe fez esfihas. Um amigo chegou a me dizer no meio do jogo que se não ganhássemos, nunca mais iria comer esfihas. No final ele disse que as esfihas que deram sorte, coisa de superstição.


Após a conquista, exceto em Copa do Mundo, a pequena cidade nunca havia visto festa tão grande e numerosa. Era a primeira vez que tinha a sensação de campeão. Foram anos bons, 95, 96, 98, 99, anos de conquistas, como a inesquecível Copa Libertadores, guiado por mestre Felipão. Comemorei novamente com esfihas e com o amigo da "superstição" a vitória sobre o rival na Libertadores de 2000, com o nosso goleiro-santo pegando pênalti do jogador mais "odiado" pela nação palestrina...


Chorei com a queda para Segundona.... Sempre digo que o Palmeiras foi quem "moralizou" o futebol brasileiro, ao jogar a Série B sem cogitar "virar a mesa".


Escrevo este texto pela razão de pisar com meu pai e meus irmãos no sagrado "Palestra Itália". Parece que há uma "aura" que nos envolve, conforme vamos nos aproximando da avenida Antarctica, passando pela passarela "Palmeiras Arrancada História 1942" em alusão ao ano em que deixamos de ser Palestra Itália para virarmos Palmeiras, até chegarmos as arquibancadas. Conforme vai escutando os cânticos da torcida, o hino sendo entoado, e os gols comemorados, sempre tenho a sensação de felicidade eterna. E novamente senti isso. Alguma coisa me dizia que não havia lugar melhor no mundo do que estar ali, junto com sua gente, com seus amigos anônimos. Uma sensação inigualável que só a paixão pode nos propiciar".


Texto enviado por um palmeirense apaixonado....

2 comentários:

  1. O amor é verde.... ja cantava Moacir Franco....

    avante Palestra..

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  2. Rodrigo, apesar de não ser palmeirense, lembro bem desses momentos... uma que me vem na cabeça, foi a da quebra do jejum, meu pai que era santista, mas que não gostava do Corinthians, fez um churrasco improvisado para comemorar o título do Palmeiras, tempos depois presenteou minha irmã com uma camisa listrada do Verdão, o patrocinador esportivo era a Rhumell; outra lembrança que tenho é a do dia da final do Mundial Interclubes contra o Manchester, em 1999 morava no Tatuapé, reduto de maioria corintiana, e às 6 da manhã, um vizinho do prédio ao lado, onde morava, estendeu uma enorme bandeira da Itália e outra do Palmeiras... e botou um som com amplificador e tudo mais no talo... tocando o hino do Verdão e a "Tarantela"... depois fui trabalhar... Parabéns pelo post. Abçs.

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