domingo, 6 de junho de 2010

QUANDO O PAPEL DA IMPRENSA É CONFUNDIDO COM O DO TORCEDOR

O papel do jornalista não é o de torcer. Nunca foi, nem nunca será. É claro que jornalista tem o seu time do coração. Mas nem por isso deve deturpar uma informação que seja relevante para não causar "problemas" ao time.
Dunga e Jorginho acham que os jornalistas que estão na África do Sul cobrindo o dia a dia da Seleção Brasileira têm a obrigação de torcer pelo Brasil e assim "pegar leve" com as críticas e possíveis informações que causariam crise no grupo. Estão redondamente errados. Afinal, não é a dona CBF que paga o salário dos jornalistas. Jornalista tem como foco principal o "furo" a informação em primeira mão, bem apurada, que seja relevante em seu contexto. O que os membros da comissão técnica do escrete canarinho querem é arrumar um inimigo, para quando ganharem repetirem aquele gesto lastimável de erguer a taça da Copa do Mundo, como fez Dunga em 94, e ao invés de comemorar, virar-se para os jornalistas e ofender a todos, como se todos fossem culpados pelo péssimo futebol do Brasil em 90 e 94.
Sempre fui contra jornalista amansar. E olha que sofri na pelo isso. O ano era 2005, o segundo meu à frente do caderno de Esportes do Jornal Votura. Cobria o dia a dia do Primavera. O time - como de costume- fez uma campanha péssima em sua volta a A3, se safando do rebaixamento somente na última rodada diante do Ecus Suzano, no Gigante da Vila Industrial. A semana foi terrível para mim. Na terça-feira e na sexta-feira publiquei a informação que havia tido uma discussão entre alguns jogadores, um segurança do clube e um então diretor. Foi o estopim para me colocarem contra os torcedores do time e uns e outros "baba ovo" do time indaiatubano. Reconheço que tive receio de ir ao estádio. Sabia que seria cobrado pela informação. Mesmo sendo verdadeira, muitos ligado ao time me disseram que "os jornalistas da cidade deveriam ajudar o time, e não atrapalhar". Nem bem acabou o jogo fiquei na saida do vestiário esperando o atacante Malaquias, autor dos dois gols decisivos que salvaram o Fantasma do rebaixament. Malaquias hoje atua na Série B do Brasileiro pela Portuguesa. Quando Malaquinas caminhava para conceder entrevista um diretor o agarrou, proibindo-o de conversar comigo. Pior: o diretor me chamou de tudo quando foi nome e tentou me agredir. A cena foi constrangedora. Um dirigente do time, tentando aliviar o clima, me disse que a tal pessoa seria demitida. O mesmo dirigente virou o braço direito do dirigente, e também se virou contra mim.
Em uma outra ocasião flagrei uma briga generalizada entre os times juniores de Primavera x Rio Branco, num sábado a tarde. Tive a felicidade de fotografar com excluvisidade a violência generalizada. Pois as fotos novamente causaram repúdio de dirigente do time contra o meu trabalho.
As pessoas no meio esportivo precisam entender que o compromisso do jornalistas é com a verdade, o leitor, o telespectador, o ouvinte...
O que Dunga e Jorginho querem, é todos babando ovo para eles...

2 comentários:

  1. Fala Rodrigo, blz?

    Também sofri e sofro até hj nas mãos dos dirigentes primaverinos...

    Mas, sinceramente, nunca pensei em aliviar...se está bem, elogio, senão, temos que cobrar mesmo...fazemos o elo de ligação entre o clube e o torcedor/cidadão...

    Um grande abraço...sucesso

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  2. Não tem que aliviar mesmo, não... se os dirigentes continuam dando murro em ponta de faca, demitindo treinadores e não montando times competitivos, como vamos elogiá-los?
    Abraços e parabéns pelas reportagens na Tribuna de Indaiá....

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