RÁDIO: UM BOM E VELHO ALIADO

Sempre gostei muito de rádio. Quando tinha entre 14 e 16 anos vivia na sala de casa ao lado de um aparelho de som 3 em 1, ligado no programa esportivo da rádio Record, às 22h. Minha mãe pegava no meu pé para eu dormir. Chequei até a quebrar alguns rádios em campanha frustrantes do meu time. Como se o problema fossem eles... Acho que o amor ao rádio está inserido em meu DNA. Meu avô paterno vivia grudado em um rádio da marca "Motorádio" que tinha. Quando íamos visitá-lo em Adamantina, sempre estava ele lá com o seu rádio e contando vantagem sobre o São Paulo, seu time do coração. Lembro do dia em que escutei pela primeira vez a voz de José Silvério, ainda na Jovem Pan, e me tornei fanático pelo seu estilo de narração. Ele "canta o gol" primeiro que todos os outros. Tinha até fitas cassetes com vários gols narrados por ele.
Quando me formei, entre os vários presentes de amigos e familiares que recebi um me deixou emocionado. Minha avó materna me presenteou com um rádio que pertenceu ao meu avô. Motorádio dos bons. Com ele escutei jogos memoráveis. Não sou tão velho assim, mas há alguns anos não havia esta interatividade de você poder acompanhar tudo por celular, internet, pay-per view. Era só um jogo transmitido aos sábados e pal TV Bandeirantes, já que a Globo não passava o Brasileirão.
Então, tudo era a base do rádio. Além disso, na região onde morava para pegar a Jovem Pan era um sacrifício incomum. O chiado sobressaia em meio a voz do narrador.
Cito o rádio pois ontem ele foi o único que não me deixou na mão, com o apagão que nos pegou de surpresa. Até os vizinhos vinham me perguntar o que estava ocorrendo, já que perceberam que eu estava com um rádio de pilha grudado em um dos ouvidos. Foi com ele que percebi que a falta de energia tinha acometido vários estados. Em meia a profusão de mídas, o rádio será sempre o rádio, um bom e velho aliado das madrugadas.