terça-feira, 1 de setembro de 2009

PORQUE SOU CORINTHIANO

por João Alípio de Arruda Madeiro

Dizem que corinthiano não escolhe ser assim, já nasce assim. E, no meu caso, não foi diferente. Tanto que meu primeiro aniversário foi com a temática alvinegra, com direito a uniforme. Mas minha ligação mais forte com o Timão começou em dois momentos distintos: aos 06 anos, em 1984, na decepção com a derrota das Diretas Já e a inflação chegava a incríveis 200% mensais (acreditem!), portanto momentos difíceis para todos os brasileiros, a geração de Sócrates, Casagrande, Zenon, Biro-Biro & Cia. deu um chocolate no poderoso Flamengo de Zico & Cia., pelo Brasileiro daquele ano, revertendo uma vantagem conquista pelos cariocas, algo difícil para a época. E, em 1987, Plano Cruzado II, revés financeiro na família, vi a saga do alvinegro no Paulistão daquele ano, de onde saiu da lanterna para o honroso vice diante do São Paulo dos Menudos (time respeitável, diga-se de passagem). Foi nestes momentos que aprendi o significado da palavra superação.
Veio 1988, havia acabado de me mudar para Maceió, na primeira passagem, e, na minha solidão e no único lugar organizado da casa, a sala, a TV transmitiu o gol do garoto Viola, e a supremacia no Paulistão. Em 1990, o revés emocional, a separação dos meus pais, e a única alegria daquele ano foi o primeiro título brasileiro, em cima do Tricolor. Até hoje tenho guardada a camisa idêntica à usada por Neto na campanha, sem esquercer, é claro, de Tupãzinho, assim como Basílio em 77, o herói da libertação. Foi nestes momentos que aprendi o significado do amor mais forte nas dificuldades.
Veio a adolescência, e, com ela, o significado do amor posto à prova: anos difíceis, gozações de Tricolores e Palmeirenses, culminando com perdas de títulos para ambos. Em 1995, o fim do sofrimento, a conquista épica da Copa do Brasil, sobre o Grêmio, em pleno caldeirão do Olímpico, e, no Paulistão, o fim do tabu de não vencer o Verdão em finais, e também o fim da gozação. Este período me explicou o significado da palavra esperança.
Veio a era moderna do futebol, de grandes investimentos: Banco Excel, Hicks Muse e MSI, e muitas conquistas entre 1997 e 2003, desde o Paulista até o Mundial, passando pelo Brasileiro. Curiosamente, todas as conquistas tendo como destaques os “patinhos feios” dos super-times montados: Mirandinha, Dinei, Fernando Baiano, Márcio Costa, Ewerthon, Gil (estes ainda recém-saídos da base), Rosinei, Marcelo Mattos, apesar dos times montados contarem com jogadores como Dida, Gamarra, Fábio Luciano, Silvinho (ainda sem y), depois Kléber; Vampeta, Rincón, Marcelinho, Ricardinho, Luizão, Deivid, Tévez e Nilmar, entre outros. Mas os grandes investidores jamais conseguiram alterar o significado de ser corinthiano, e as vitórias dramáticas.
Porém, a maior prova de amor, de ligação entre eu e o Timão, e a aplicação do bordão “eu nunca vou te abandonar porque te amo”, se deu no fatídico rebaixamento em 2007: fim de jogo, agüentei firme as gozações dos adversários, e, no mesmo instante, gritei em alto e bom som: nós voltaremos! Naquele momento percebi que, se nos momentos difíceis da minha vida, o Corinthians me brindou e me alentou com conquistas, por que, naquele momento, eu o abandonaria? Foi ali que aprendi a significação do amor incondicional. Que se fez presente em 2008: acompanhei toda a saga pela volta à elite. Nos dias dos jogos da Série B, era meu único compromisso. Se preciso fosse, cancelava e desmarcava os restantes. Afinal, a retribuição, e uma nova emoção, indescritível, no jogo que definiu a volta: “o coringão voltouuuuuuu”.
Em 2009, a volta às conquistas, e em grande estilo, primeiro o Paulistão, depois do chocolate no tri-hexa brasileiro, nas semifinais, outro chocolate e a suplantação de um antigo algoz, o Santos, em plena Vila Belmiro, com direito a aplausos de Pelé sobre outro ícone de superação: Ronaldo. Aliás, o primeiro gol dele com a camisa alvinegra, em cima do Palmeiras, aos 48 do segundo tempo, já valeu a contratação. Na Copa do Brasil, outro algoz superado, em grande estilo, vingando a final de 1976 perdida no mesmo Beira-Rio: O Inter. E a significação do amor amadurecido e consolidado, que, quando atinge este estágio, se torna ainda mais forte.
Ser corinthiano é algo único, indescritível. É ter amor incondicional pelo time, seja em que momento for. É vibrar até em conquista de cuspe à distância. Corinthiano deixa tudo: mulher, emprego, cidade, estado, país, e todo o resto. Mas nunca deixa a paixão pelo Corinthians.


João Alípio de Arruda Madeiro é advogado e corintiano

2 comentários:

  1. Rodrigo, agora só falta o texto de um santista.
    Em tempo, o João na verdade é torcedor do CRB!!!
    Abçs.

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  2. Se já é duro torcer pra time grande, imagina pro CRB!!!!

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